Está anunciada para a próxima sexta-feira, 2, a chegada na Região do Bico do Papagaio do ministro da Defesa, Nelson Jobim, acompanhado dos membros do comitê formado para tentar localizar corpos de guerrilheiros, militares e moradores vítimas da Guerrilha do Araguaia. A viagem objetiva checar os avanços obtidos, nos últimos dias, com a provável localização do corpo do líder dos guerrilheiros, popularmente conhecido por “Osvaldão” -, Osvaldo Orlando Costa, um dos integrantes do PCdoB que organizaram o movimento rural armado para combater o governo da ditadura militar.
A procura pelos corpos, apesar de críticas de alguns setores, ao contrário do que estes classificam como “mis en scène midiática”, é a oportunidade que o governo e a sociedade têm para passar a régua num dos momentos mais tristes de nossa história política, curando feridas alargadas ao longo de quase quarenta anos.
Considero, mais do que isso, como desdobramento dos tempos negros vividos pelo nosso povo, urgente necessidade de se explicar ou traduzir para a juventude o quanto o terror da ditadura fez mal a todos, resgatando imagens da escuridão repressiva para forçar nossos jovens a compreenderem a época em as pessoas não tinham direitos políticos, isto é, não podiam votar nem ser eleitas para nenhum cargo; eram conhecidas como "cassados", por terem sido cassados os seus direitos políticos e, conforme o caso, os seus mandatos.
Relembrar a todos de que se existiu luta armada nas florestas da Amazônia, mais precisamente em nossos quintais paraenses, , é porque os jovens dos finais dos anos 60 estavam sendo banidos, brasileiros não podiam morar no Brasil e nem mesmo visitar a sua terra natal.
A criação da operação para localizar mortos da Guerrilha do Araguaia atende a uma determinação judicial para que o Estado brasileiro dê respostas sobre o assunto.
Sentença da Justiça Federal determinou a quebra do sigilo das informações militares sobre todas as operações de combate aos guerrilheiros e que a União informe onde estão sepultados os mortos no episódio.
O governo Lula teve a coragem de mexer nessa assombração, escalando seu próprio Ministro da Defesa para levar adiante as buscas aos corpos torturados, mortos e até hoje não encontrados. Desde quando o país restabeleceu o Estado Democrático, o esclarecimento de tudo o que ocorreu na Guerrilha do Araguaia é uma exigência dos tribunais internacionais, mas nenhum, até a posse de Lula, havia encarado o problema de frente.
Para quem não sabe, uma das conseqüências dessa questão é que o Brasil é réu na Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), no caso da Guerrilha do Araguaia, acusado de não investigar os desaparecimentos e de não fornecer informações sobre o episódio a familiares das vítimas.
Pode se transformar num fato histórico, a viagem de Nelson Jobim e de sua comitiva esta semana ao Pará, desde que as ossadas localizadas numa área de Xambioá, no Estado do Tocantins, sejam realmente de Osvaldo.
A procura pelos corpos, apesar de críticas de alguns setores, ao contrário do que estes classificam como “mis en scène midiática”, é a oportunidade que o governo e a sociedade têm para passar a régua num dos momentos mais tristes de nossa história política, curando feridas alargadas ao longo de quase quarenta anos.
Considero, mais do que isso, como desdobramento dos tempos negros vividos pelo nosso povo, urgente necessidade de se explicar ou traduzir para a juventude o quanto o terror da ditadura fez mal a todos, resgatando imagens da escuridão repressiva para forçar nossos jovens a compreenderem a época em as pessoas não tinham direitos políticos, isto é, não podiam votar nem ser eleitas para nenhum cargo; eram conhecidas como "cassados", por terem sido cassados os seus direitos políticos e, conforme o caso, os seus mandatos.
Relembrar a todos de que se existiu luta armada nas florestas da Amazônia, mais precisamente em nossos quintais paraenses, , é porque os jovens dos finais dos anos 60 estavam sendo banidos, brasileiros não podiam morar no Brasil e nem mesmo visitar a sua terra natal.
A criação da operação para localizar mortos da Guerrilha do Araguaia atende a uma determinação judicial para que o Estado brasileiro dê respostas sobre o assunto.
Sentença da Justiça Federal determinou a quebra do sigilo das informações militares sobre todas as operações de combate aos guerrilheiros e que a União informe onde estão sepultados os mortos no episódio.
O governo Lula teve a coragem de mexer nessa assombração, escalando seu próprio Ministro da Defesa para levar adiante as buscas aos corpos torturados, mortos e até hoje não encontrados. Desde quando o país restabeleceu o Estado Democrático, o esclarecimento de tudo o que ocorreu na Guerrilha do Araguaia é uma exigência dos tribunais internacionais, mas nenhum, até a posse de Lula, havia encarado o problema de frente.
Para quem não sabe, uma das conseqüências dessa questão é que o Brasil é réu na Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), no caso da Guerrilha do Araguaia, acusado de não investigar os desaparecimentos e de não fornecer informações sobre o episódio a familiares das vítimas.
Pode se transformar num fato histórico, a viagem de Nelson Jobim e de sua comitiva esta semana ao Pará, desde que as ossadas localizadas numa área de Xambioá, no Estado do Tocantins, sejam realmente de Osvaldo.
4 comentários:
Darci, tenho uma filha de 17 anos que nunca ouviu falar em detalhes de como foi mesmo a ditadura na vida dos jovens, nem bem sabe as razões da Guerrilha do Araguaia. Como sempre fui uma pessoa que viveu à margem dos assuntos políticos acho que nossos filhos e demais jovens deveriam ter mais interesse em conhecer o passado, nossa História, para poderem ajudar, quem sabe um dia formados, a construir um Brasil melhor do que o que estamos vivendo -apesar de reconhecer muitos avanços conquistados nos últimos dez anos, principalmente a partir do Governo Lula.
Achei interessante você escrever sobre essa busca aos corpos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia. Fiz questão de chamar minha filha para fazer uma leitura no que você escreveu. Gostaria que sempre pudesse, nos brindasse com temas dessa natureza. Parabéns, estou virando leitora assídua de seu blog. Os políticos deveriam fazer isso, vir a público escrever coisas interessantes, debater em alto nível. Mais uma vez, parabéns.
Maria do Carmo Velentino
Parauapebas- Pará
Maria Valentino, realmente é importante relembrar fatos históricos, como bem dizes em teu comentário, elogiando o post do Darci sobre a busca dos corpos dos desaparecidos. Mas acho que nessa questão da busca de quem foi enterrado numa guerra declarada, o prefeito deveria ter citado também que o país fez as pazes com o passado, enterrando seus fantasmas, a partir do momento em que houve uma Lei da Anistia, inclusive, comemorada em 2009, a passagem de 30 anos de sua promulgação. A Lei de Anistia permitiu ao Brasil o retorno às suas tradições históricas. Em todas as situações de exceção, no final do ciclo houve uma anistia. Isso foi oportuno porque permitiu o reencontro dos brasileiros com o Brasil. Desenterrar essas coisas que já não dizem nada ao nosso futuro, é querer fazer demagogia com o passado.
Ernesto Silva Leite
Maria do Carmo e Ernesto, inicio agora uma reunião mas assim que terminar, tentarei ainda hoje escrever um post a respeito dos dois comentários. Um abraço aos dois.
"(..) Queria conversar. Olhei bem dentro dos olhos dele. Sentamos e ele me disse que podiamos estar em lados opostos naquele momento, mas que no futuro eu entenderia o que eles queriam. Hoje eu entendo e tento passar isso para meus filhos. Tobias foi fuzilado dias depois (...)".
O trecho acima faz parte de um relato do soldado Francisco Goés Monteiro ao repórter Ismael Mchado, do Diário do Pará, publicado na edição de 18/10/2009em matéria sobre a Guerrilha do Araguaia ("Eu enterrei o guerrilheiro Osvaldão").
O soldado Monteiro, segundo afirma na matéria, ajudou a enterrar o corpo do guerrilheiro Osvaldão. O trecho citado se refere a uma conversa entre o soldado e o guerrilheiro Tobias, executado pelo Exército.
A frase me remete a duas ocasiões diferentes de minha vida. Uma, cinematográfica, lembra-me um filme chamado "Quemada", com Marlon Brando, em que um líder de uma revolução (Jose) em um país caribenho, no século 19, diz a um soldado que, um dia, o povo compreenderia o sentido das ações que ele liderava naquele momento. O soldado fazia parte da escolta que levava o revolucionário para o enforcamento, e queria entender o sacrifício de Jose.
O outro momento foi quando um soldado que participou das campanhada do Araguaia, disse-me que lutaria ao lado dos guerrilheiros, caso tivesse o conhecimento histórico que tinha naquele momento; a conversa se deu em meados da década dee 80.
Interessante acompanhar os dois comentários postados aqui. O de uma senhora que compreendeu que o futuro se contrói no e com o passado; e o de um cidadão que qualifica de "demagogia" as tentativas presentes de se resgatar a memória.
A senhora busca o conhecimento para si e para os outros; já o sr. Ernesto (lembra o general Geisel)insulta o presente para ocultar o passado e descontruir o futuro.
Como a avestruz, prefere enterrar a cabeça na terra, julgando proteger-se do perigo.
Seria extremamente cruel repetir o insulto do sr. ernesto (principalmente) aos familiares e companheiros daqueles jovens que lutaram por um ideal, ainda que discordando desse ideal.
A memória de um povo, sr. ernesto, o sofrimento, as dores, não se faz ou desfaz com decretos, principalmente com auto-anistias e mentiras. A reconciliação consigo e com os outros só pode ser construída com a verdade.
sr. ernesto, faça como d. Maria do Carmo, busque o conhecimento; abra seu coração e sua mente...
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