sexta-feira, 31 de julho de 2009

Nossos meninos

Semana retrasada, lendo a coluna do jornalista Hiroshi Bogéa, no Diário do Pará, deparei com preocupação dele quanto ao nível da criminalidade entre adolescente de Marabá, na faixa etária de 12 a 18 anos, fato que posiciona aquele querido município no ranking da violência juvenil brasileira medido pela UNICEF. De tão desgostoso com a desagradável situação, HB responsabilizou a falta de políticas públicas como principal responsável pelo cenário em descontrole.

E, para minha satisfação pessoal, o jornalista assinalou o município de Parauapebas como um dos que fazem o dever de casa, investindo na assistência aos meninos de rua, destacando o Projeto Pipa como intervenção inteligente em favor dos adolescentes de nossa cidade.


Sem querer entrar no mérito da questão marabaense, sempre considerei situação sine qua non concentrar esforços na assistência aos menores em estágio social de risco. A Prefeitura de Parauapebas desenvolve indispensáveis projetos sociais contemplando crianças, jovens, adultos e idosos, estendendo também os investimentos no atendimento à proteção da mulher.


O crescimento contínuo da taxa populacional em Parauapebas exige intervenções afirmativas, e constantes, nessa área.


Primeiro, necessário se faz o poder público marcar presença com ações solidárias para retirar do ciclo marginal nossas crianças a adolescentes.
É preciso formar pessoas para contribuir com uma sociedade justa e igual.

Uma sociedade para todos e todas serem de fato incluídas, e participativas no processo de desenvolvimento social.


Com essa visão, não temos apenas os projetos próprios do poder público. Participamos, também, de parcerias importantes com organizações não-governamentais, apoiando decididamente políticas de assistência social.


1-Sorri Parauapebas

A ONG Sorri Parauapebas, instituição com fins filantrópicos, educacionais, profissionais e inclusão social de pessoas com alguma deficiência física e mental, para inserção no mercado de trabalho, recebe apoio institucionalizado da prefeitura.

Ao longo dos anos, centenas de pessoas com alguma deficiência já foram colocadas no mercado, graças a esse trabalho da Sorri.

2- Apae
Sempre com o foco em estabelecer ações voltadas à inclusão social, nossa parceria com a APAE também têm contribuído para promover e articular ações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Consideramos fundamental que a Associação melhore sempre a qualidade dos serviços prestados, atendendo seus usuários cadastrados nos diversos pontos do município de Parauapebas.

No Centro de Referência da Assistência Social (CREAS), que combate a violência, o abuso e a exploração sexual infanto-juvenil, as vítimas desses crimes são acompanhadas por uma equipe especializada voltada para diminuir os males provocados pela violência.


Projeto Pipa

O Pipa - Parque Integrado de Inclusão Social -, assiste a mais de 600
crianças e adolescentes na faixa etária de 07 a 16 anos. Numa área com clima bucólico afastada do centro da cidade, o Pipa hospeda dentro de seu acervo social, programas federais como o PETI ( Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil)e o ECA (Espaço Criança e o Adolescente) , com atendimento psicossocial, pedagógico e nutricional, como também atividades culturais, esportivas, artesanais e didáticas.

O interessante é que, entre estas atividades, está em funcionamento oficinas de música, artesanato em madeira, arte em pintura, dança, , papel de jornal, caratê, marcenaria, reciclagem, teatro, informática, e recreação -, com a inclusão de futebol e handebol.


O Pipa trabalha a criança em um todo, fornecendo alimentação com acompanhamento de nutricionista, convívio social e familiar através do monitoramento de assistentes sociais, psicóloga e pedagogos -, além dos professores.


Eu sempre digo que o Projeto Pipa está em meu coração por representar esperança de um futuro menos negro para nossos meninos. Quando me dirijo à sede do projeto, sinceramente, sinto orgulho do investimento ali realizado. Há felicidade e alegria no rosto de cada criança.

Confio tanto nos resultados do Pipa que já decidi ampliar seu braço, não apenas construindo mais salas, mas espalhando conforto para todos os alunos.


O Pipa é a grande sacada para a solução dos problemas sociais de Parauapebas? Não, não é. E não está sendo aplicado com nenhum discurso nesse sentido.


Cidadão do Futuro

Outro projeto social de destaque é o Cidadão do Futuro, programa de inclusão digital que atende 600 alunos por semestre.


Temos ainda meninos de rua perambulando, é verdade, mas a situação seria de descontrole total se não tivéssemos os atuais 600 alunos em regime integral assistidos pela nossa equipe de dedicados monitores.


Sonho em acabar com a atividade dos flanelinhas nos estacionamentos da cidade. Sei que ali há um foco de deserdados buscando algum tipo de luz, mas convivendo perigosamente com uma massa marginal capaz de levá-los à reboque.


Sonho, sim, do fundo da alma de alguém que tem sensibilidade para as questões de caráter humanitário, ajudar a transformar Parauapebas num município onde suas crianças e adolescentes, um dia, não muito distante, não sejam pedintes errantes a perambular por becos e vielas, mas uma massa de jovens perfeitamente sintonizados com seus anseios pessoais e perspectivas de realizá-los.


Dever moral de cada um

Quando um prefeito municipal investe na recuperaçao dos meninos de sua cidade, ele não está também fazendo nenhum favor.


É a obrigatoriedade que temos de cumprir nossa Constituiçao.


O Congresso Nacional, ao formular o Estatuto da Criança e do Adolescente, contando à época com significativa participação da sociedade civil organizada, levou em consideração dois aspectos fundamentais: a intenção de que o novo texto legal restasse adequado à nossa realidade social e a proposta de se trazer ao ordenamento jurídico brasileiro uma lei que, por ser justa, pudesse servir de instrumento para o resgate da cidadania de milhões de crianças e adolescentes brasileiros.


Está a olho nu, em quase todas as cidades por onde andamos, o fato de que vivemos uma realidade social, cuja marca mais significativa é a contradição, delineada no contraste entre um país extremamente rico e uma nação absolutamente pobre.


Não devemos jamais esquecer a incongruência de estar o Brasil pretendendo ser a 7ª economia do mundo, enquanto o seu povo se encontra em 68º lugar a nível de qualidade de vida.


Havia dez anos atrás, estava em 75º lugar do mesmo ranking vergonhoso.


Somos o 5° maior produtor de alimentos do mundo, enquanto a maioria de nossa população ainda é subnutrida, passa fome, morre de fome –apesar dos esforços extraordinários que o Lula vem fazendo em seus dois governos para reduzir essas desigualdades. Tão importantes ações hoje reconhecidos no mundo inteiro, a ponto de nosso querido presidente estar sempre sendo homenageado por estadistas e entidades internacionais de respeito.


Contradições danosas

Nossa realidade é essa mesmo, cujo signo é a contradição, que tem, sem dúvida, como motivo determinante o dado concreto de ser o Brasil o país com a mais alta taxa de concentração de riqueza do mundo, seguido pelo Nepal e Quênia. Isto significa que as riquezas produzidas por todos não são ainda distribuídas entre todos, acabando nas mãos de pequenos grupos hegemônicos que se aproveitam da estrutura social injusta estabelecida no país.


Se de um lado da moeda temos a concentração absurda de riquezas, o seu outro lado estará cunhado, inevitavelmente, com os traços da marginalidade, a imagem da grande maioria da população à margem dos benefícios produzidos pela sociedade.


Nesse quadro real de marginalidade, padecem especialmente as crianças e adolescentes, vítimas frágeis e vulneradas pela omissão do Estado e da própria sociedade.


Todos nós, governos e sociedade, temos o dever moral, e humanitário, de mudar esse quadro, rapidamente, antes sejamos devorados pela violência produzida nos guetos de nossa realidade social.

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Pauta Cidadã - Assessoria Blog