Divulgada, pelo IBGE, a projeção da população brasileira para 2010, alguns comentários se fazem necessário.
A explosão demográfica indicada na tendência estatística, principalmente nas capitais, é um indicador de que as gestões públicas necessitam fazer mais investimentos em suas zonas rurais, levando uma série de intervenções capazes de segurar seus moradores longe dos centros urbanos.
Se isso não for feito, a qualidade de vida cosmopolita tende a ser cada dia pior.
Tomando como base o censo de 2007 das cidades pequenas e médias, a tendência demográfica, e suas pesquisas e levantamentos periódicos (emprego, PNAD, censo escolar, taxas de fertilidade, natalidade e expectativa de vida), os resultados dos números do IBGE são parcialmente preocupantes para algumas capitais, e exatamente as mais pobres.
Não há nenhuma razão para se imaginar que o efeito migratório tenha atingido menos Rio e SP, mesmo levando em conta o efeito do bolsa-família, que reteve população nas regiões mais pobres. Há que se analisar as razões sócio-econômico-culturais.
O Rio teria crescido, segundo o IBGE, 5,6% entre 2000 e 2009. SP, 5,8%. Porto Alegre, 5,5%, saindo da lista das 10 maiores capitais.
Depois vem um segundo grupo: BH cresceu 9,6% e Recife 9,8%. Em seguida, Belém 12,2%. Depois Curitiba (surpresa), 16,6% e Fortaleza 17%. Finalmente Salvador, 22,7%; Manaus, 23,7% e Brasília 27%.
Pode-se afirmar que quanto maior a renda familiar, menor a taxa de fertilidade.
Portanto, o crescimento diferenciado entre as Capitais se dará pela maior taxa de fertilidade dos mais pobres. A mortalidade juvenil pela violência não afeta de forma significativa a comparação. As razões gerais -e positivas- estão na menor taxa de mortalidade infantil no período e maior expectativa de vida.
Vejamos as razões, pegando números fornecidos pelo recente levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Rio e SP, nesse período, tiveram os nascimentos em gestantes menores de 18 anos caindo 25%. Essa é uma razão que combina elementos de ordem cultural, econômica e as ações sócio-educativas dos governos. Outro elemento é a maior inclusão feminina no mercado de trabalho. Igualmente a maior inclusão escolar e a menor taxa de evasão escolar entre as meninas. Os programas de saúde da mulher são também elementos explicativos. A adequada utilização (não clientelista) das ações de inclusão social, idem.
A oferta de entretenimento externo -esportivo e cultural- da mesma forma. Uma maior integração entre os mais pobres e a classe média, ajuda, ao difundir elementos culturais.
Na medida em que as TVs, nos programas de maior audiência, operam em rede, esse fator educativo tende a ser neutro. As igrejas não têm mergulhado no tema. Os dados mostram que Rio, SP e Porto Alegre, avançaram muito mais. No outro extremo, Brasília (vide a sua periferia no inicio dos anos 2000), Salvador e Manaus, no entorno dos 25% de crescimento. Certamente são polos que devem ser focalizados com a prioridade requerida.
Numa posição intermediária, em torno de 10%, Recife e Belo Horizonte. E a surpresa é Curitiba, cujos indicadores projetavam um quadro de crescimento demográfico semelhante a Rio, SP e PA, e que se iguala a Fortaleza em 17%. Cabe avaliar suas razões.
Se voltarmos aos números detectados pelo IBGE no censo 2000, enquanto no País cerca de 28% dos domicílios particulares permanentes urbanos não eram atendidos por rede geral de coleta de esgotos ou não possuíam instalações sanitárias, na Amazônia Legal essa proporção foi de 57%. A maior parte desses domicílios (65%) estava nas cidades com mais de 20 mil habitantes.
Na Amazônia Legal, as áreas urbanas de 169 municípios estão em terras do Incra, sendo que em 138 a população urbana é menor que 20 mil habitantes. Nessas 169 cidades, cerca de 51% dos domicílios particulares permanentes não são atendidos por rede de água e 72% não possuem rede de coleta de esgotos ou instalações sanitárias.
Parauapebas e Marabá, cidades polos de maior projeção no Sul do Estado, deverão fechar 2009 com populações em torno de 153 mil e 203 mil, respectivamente.
Em cinco o anos, aponta diagnóstico socioeconômico da Diagonal Urbana Consultoria, é provável que nosso município e Marabá superem a casa de 200 mil e 500 mil moradores.
São números assustadores que indicam o caminho certo por nós tomado de viabilizar projetos de saneamento e distribuição de água em parte significativa do território de Parauapebas, nos próximos anos, bem como intervenções na zona rural nos setores de infraestrutura e programas de apoio à agricultura.
4 comentários:
Prefeito, pelo que sei, esses números servem de base para que a União possa fazer os repasses aos municípios das verbas federais.
Em minha opinião, Parauapebas já conta com bem mais de 152.777 habitantes, conforme sugere a projeção do IBGE.
Pergunto: a prefeitura de Parauapebas irá contradizer esses números?
Pelos levantamentos da própria PMP esses números são corretos?
Os investimentos previstos pelo governo municipal, ao longo deste segundo governo,estão sendo projetados equitativamente conforme os números projetados em sua postagem?
Prefeito, gostaria de saber sua opinião a respeito do requerimento apresentado pelo Vereador Odilon Rocha e aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal de Parauapebas.
Prezado Dudu:
Como o que o IBGE divulgou é uma projeção baseada em números passados, o próprio instituto pode se deparar com uma realidade populacional, em Parauaoebas, bem mais alargada do que a tendência estatística.
Antes de emitirmos qualquer valor de juízo sobre o tema de profunda relevância para o planejamento de qualquer administração pública, gostaria de aguardar o censo de 2010, pra manifestar posição oficial da prefeitura.
Uma coisa é clara: se pegarmos a média dos índices de crescimento do município nos últimos dez anos e o que se especula para os próximos (a Diagonal Consultoria tem esse quadro em seu estudo socioeconômico), Parauapebas já teria muito mais do que esses 152 mil projetados.
O seu comentário, na verdade, alguns questionamentos pertinentes, me empurra a ampliar essa visão. Prometo preparar um post sobre o assunto, baseado em suas perguntas, para publicar ainda esta semana.
Explosão demográfica em Parauapebas é algo tão real que, ao longo desses dias participando das assembléias da LOA-2010, senti isso de perto. E vou contar aqui.
Quanto ao requerimento do vereador Odilon, garanto que enquanto não tivermos outro espaço para a cultura, o CDC não será demolido. Já falei aos comerciantes da Rua F que estamos empenhados em garantir estacionamentos.
Agradeço a visita.
Caro prefeito, as minhas considerações e questionamentos sobre se a PMP iria contestar os números estimados do IBGE são motivados justamente por achar que nosso município tem bem mais de 152.777 mhabitantes conforme divulgado pelo IBGE ( http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2009/default.shtm), e, sabedor que o Tribunal de Contas da União utiliza as estimativas populacionais do IBGE como parâmetro para distribuir o Fundo de Participação dos Estados e Municípios. E é facultado pelo IBGE o direito dos municípios contestarem essas estimativas caso achem correto.
É sempre um prazer debater assuntos que buscam o bem de nossa cidade e pode ter certeza que estarei sempre aqui.
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